Neste mês, comemoramos os 504 anos da Reforma Protestante. No dia 31 de outubro de 1517, o monge católico Martinho Lutero, com apenas 34 anos, deflagrou o movimento que é tido por muitos como um segundo Pentecostes, pois mudou a história da igreja. Por cerca de 1200 anos a igreja estava mergulhada num lodaçal de impurezas, e não havendo mais nenhuma condição de muda-la, romper foi a solução. A reforma teve início na Alemanha, quando Lutero afixou suas 95 teses da religião cristã na porta da igreja do castelo de Wittenberg, seguiu pela Suíça com João Calvino, para alcançar depois Inglaterra com os puritanos e Escócia com John Knox.
Na ocasião da Reforma, as maiores verdades bíblicas e doutrinárias foram quais estandartes novamente hasteados, a saber:
- Pecado: o clero havia distorcido o conceito de pecado. A ganância e opulência, imoralidade e depravação, grassavam pelo catolicismo, especialmente nos mosteiros, e distantes demais estavam da pureza exigida pelo Senhor.
- Justificação somente pela fé: a igreja pregava que a salvação podia ser alcançada por meio das obras ou da compra de indulgências, destoando da verdade que somente Jesus Salva.
- A autoridade única da Palavra de Deus: a igreja havia se colocado no mesmo ou superior patamar de autoridade, em relação à Palavra de Deus. A interpretação da igreja tinha mais poder que o dito na Palavra. A Reforma devolveu a Bíblia a seu lugar na igreja, como única regra de fé e prática.
Depois de Alemanha, a Reforma Protestante, lançou raízes mais profundas em solo suíço, especialmente em Genebra, com João Calvino, ainda na década de 30 do século XVI. Este reformador deixou-nos como legado de um preciso e profundo entendimento das Escrituras, os chamados cinco pontos do Calvinismo, a saber:
- Depravação Total: é total no sentido de que afetou o homem em todas as suas faculdades, deixando morto em seus pecados e completamente insensível à graça de Deus, carecente de um agir primeiro de Deus para resgatá-lo da morte para somente depois aproximar-se do Senhor.
- Eleição Incondicional: diz que o Senhor escolheu dentre todos os caídos os que quis salvar. Ele não tinha obrigação de salvar ninguém, mas graciosamente escolheu salvar, não todos, mas aqueles sobre os quais depositou seu amor eletivo e adotivo.
- Expiação Limitada ou Eficaz: diz que o sangue de Jesus é poderoso para salvação de toda a humanidade, mas é derramado somente sobre os eleitos. Ele, portanto, não morreu para tentar salvar a humanidade, mas para salvar os eleitos. Não há desperdício de seu sangue. Embora a porta de salvação foi aberta a todos os homens, somente os escolhidos passarão por ela.
- Graça Irresistível: mostra que os eleitos para receberem o sangue de Cristo, não podem resistir ao chamado divino. Embora possam resistir ao chamado, temporariamente, não podem assim fazer finalmente. A graça é infalível.
- Perseverança dos Salvos: não há no homem, mesmo redimido, nada que o qualifique a continuar em obediência na presença do Senhor. É Deus quem efetua o querer e o realizar. É o Deus Espírito, deixado no coração do salvo como selo e penhor de sua salvação, que nos garante que uma salvo, salvo para sempre.
A Reforma nos deixou, ainda, como legado, balizas para nossa fé cristã, nos chamados “solas” da Reforma, a saber:
- Sola Scriptura, significando que somente as Escrituras providenciam a fonte do nosso conhecimento religioso, das coisas espirituais cujo conhecimento é essencial à compreensão da vida.
- Sola Gratia, significando que somente a Graça de Deus é a origem da nossa salvação, conforme já indicamos acima.
- Sola Fide, significando que somente a Fé é o meio pelo qual nos apropriamos da salvação efetivada por Cristo Jesus para o seu povo.
- Solus Christus, significando que somente Cristo é a base da nossa salvação. Somos salvos somente pelos méritos e pelo sacrifício de Cristo e não com base em qualquer outra situação ou ação humana.
- Soli Deo Gloria, glória a Deus somente, significando o propósito da existência de nossas pessoas e de tudo o que temos ao nosso redor. Deus fez todas as coisas para sua própria glória e nos enquadramos em nossa finalidade e encontramos a felicidade quando abraçamos esse ensino em nossas vidas.
Concluímos ressaltando a importância de conhecermos estas verdades. Toda a pregação e prática de nossa igreja tem por base estas verdades acima descritas, que entendemos ser a mais correta interpretação das Escrituras Sagradas. Portanto, que tenhamos em alta estima este movimento de Deus, já antigo na história da Igreja, mas tão presente em seu significado.
Que Deus continue a reforma de Sua Igreja! Amém!
Pr. Washington Boone
